terça-feira, 4 de setembro de 2012

Contos de fadas! Uma realidade na vida de nossas crianças

 
 
Por Helena Coelho (Psicóloga Clínica)


Muitos adultos revelam-se algo constrangidos em lidar com o seu lado mais imaginativo, como se esse aspeto fosse sinónimo de alguma fragilidade, sendo, muitas vezes, associada a uma conotação depreciativa. Por vezes, entendem a capacidade de sonhar como um disparate, mas na verdade parecem ter medo de não serem levados a sério no seu papel de adultos.
Paralelamente, receiam que os seus filhos fantasiem em demasia e questionam-se sobre até que ponto a fantasia lhes poderá fazer bem, achando que já são crescidos demais para “essas histórias” e que há que prepará-los para o mundo real.

A pressa do dia-a-dia, o desejo de que as crianças cresçam rapidamente e a ideia de que não há espaço para a magia num mundo competitivo como o nosso podem levar-nos a privar os mais novos dos contos infantis e no entanto, estes dão-lhes respostas muito úteis para a vida. Ao proporcionarmos-lhes quase tudo pronto, deixamos pouco espaço para que as crianças possam descobrir, explorar ou imaginar.

A família, a escola, a creche e o jardim-de-infância são espaços fundamentais para desenvolver a imaginação e a criatividade. É na infância que as crianças têm uma fé inabalável na sua imaginação enquanto observam o mundo que existe à sua volta. E é nesse espaço que só elas conhecem, na sua mente, que se estabelecem ligações inimagináveis e criativas sobre o que somos, podemos ser e criar.

Inúmeros estudos realizados mostram-nos que as fadas, as princesas e até as bruxas devem fazer parte da vida das nossas crianças, merecendo todo o nosso respeito. Já Einstein dizia: “Se quiser que os seus filhos sejam brilhantes, leia contos de fadas para eles. Se quiser que sejam ainda mais brilhantes, leia ainda mais contos de fadas”.

Com facilidade, nós adultos, podemos cair em dois tipos de armadilhas face às histórias infantis: ou tentamos amenizar a história, tornando as personagens más em figuras simpáticas com o intuito de “poupar” as crianças (privando-as de elementos importantes da realidade); ou centramo-nos apenas na questão do “felizes para sempre” e receamos estar a criar falsas expectativas nas mesmas.

Não devemos ocupar-nos dessas preocupações pois os contos infantis são sábios e recheados de todos os componentes da vida real. Até na fantasia existem, ao longo destas histórias, personagens assustadoras. E quanto a esse lado mais negro e violento dos ditos contos, os especialistas afirmam que as crianças não devem ser poupadas, acabando por ser estruturante à personalidade da criança.

As crianças querem ser imaginativas e criativas, para que possam treinar a sua mente para aprender e conseguir antever consequências de situações que possam acontecer. Pergunte ao seu filho a sua opinião sobre algumas coisas que aconteceram na escola e até como seria possível resolver alguns assuntos que ele lhe conta.

E o que mais podemos fazer? Podemos brincar! ”Mas isso já eu faço!" – Poderão dizer alguns pais. No entanto, precisamos de brincar com intencionalidade, ainda que com a naturalidade que caracteriza a relação entre pais e filhos.

Contar ou ler contos de fadas e estimular as brincadeiras de faz-de-conta permite à criança aprender a enfrentar o mundo usando a fantasia e o pensamento mágico, que são indispensáveis na conquista dos seus sonhos, objetivos e independência. Sem imaginação, a criança está entregue à dureza de um mundo excessivamente objetivo, circunscrito e exigente e por isso, pobre! Deixemo-las criar “asas”, explorando um lado mais lúdico e imaginativo.

Fonte: Diário OnLine